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A Aventura em Guadalajara (ou Como Ganhei um “Presente” do México no Olho)

  • Foto do escritor: Rodrigo Baena
    Rodrigo Baena
  • 7 de nov
  • 3 min de leitura
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Tudo começou com uma ideia brilhante — e um pouco irresponsável: “E se eu fosse conhecer uma cachoeira com uma completa desconhecida da internet?”


Entrei num grupo de expatriados no Facebook, escrevi que queria explorar uma cachoeira fora de Guadalajara, e uma menina respondeu: “Eu topo!” — simples assim. Eu não sabia quem ela era, ela não sabia quem eu era, mas parecia uma boa ideia. Afinal, o que poderia dar errado?


Pegamos um Uber — quarenta minutos e 500 pesos depois, chegamos ao parque. Pagamos 100 pesos para entrar, ganhamos um colete salva-vidas (o que já me deixou um pouco preocupado — por que eu precisaria de um colete num passeio “tranquilo”?) e seguimos em direção às cachoeiras.


Havia três: a primeira, a segunda e a terceira. A terceira estava fechada, “muito perigosa”, disseram. E, por incrível que pareça, decidimos não desafiar a morte naquele dia. Ainda não.

A caminhada até as duas primeiras levou uns 30 minutos. Chegamos à primeira queda d’água — linda, cercada por árvores e por um grupo de mexicanos ouvindo música alta. Foi o momento em que pensei: “Agora sim, estou oficialmente no México!”


Mergulhamos, deixamos o sol bater no rosto e seguimos para a segunda cachoeira. A trilha? Cheia de pedras escorregadias. Minha mãe, se estivesse ali, teria desmaiado três vezes. Subimos em rochas que definitivamente não passaram por vistoria de segurança e, no meio de tudo, eu virei um verdadeiro Tarzan espiritual com tênis molhado.

Na volta, olhei para trás para ver se a minha nova amiga vinha junto — e foi nesse glorioso momento que uma planta decidiu me atacar. Um galho atingiu direto o meu olho.

Ale, a mexicana aventureira que me acompanhava, riu e disse:— “Es un souvenir del México.” Ou seja, um presente da natureza mexicana. No olho.



Mas a aventura ainda estava longe do fim. Resolvemos seguir uma placa misteriosa (porque o que poderia dar errado de novo, né?) e nos perdemos na montanha por quase uma hora. Sem sinal, sem Uber, sem dignidade.


Quando finalmente voltamos ao ponto inicial, já estava quase anoitecendo. Ficamos esperando por ajuda até que os funcionários do parque se ofereceram para nos levar de volta à cidade. A essa altura, os mosquitos decidiram que eu seria o jantar.


Ale, numa atitude heróica e solidária, me emprestou a calça dela — uma calça de mulher, justa. Mas quem se importa com moda quando se está sendo devorado por insetos?

Por volta das oito da noite, um caminhãozinho apareceu. Achei que fosse uma entrega de legumes, mas não — era a nossa carona. Subi na parte de trás e, por quarenta minutos, viajei sacudindo como um abacate maduro. Me senti um imigrante ilegal voltando da colheita, suado e feliz por estar vivo.


Chegamos na cidade quase às nove. Meu olho doía, meu corpo estava coberto de picadas, e eu parecia ter saído de um documentário sobre sobrevivência extrema. Ainda assim, decidi pegar um Uber (dessa vez com ar-condicionado e zero mosquitos). Despedimo-nos com um abraço épico. Ale — uma advogada da Cidade do México que se tornou minha parceira de selva por um dia — sobreviveu comigo.


Quando cheguei em casa, já era quase dez e meia da noite. Meus amigos estavam em pânico, sem saber se eu tinha sido sequestrado, comido por onças, ou adotado por um grupo de hippies.


Mas eu estava bem. Cego de um olho, picado por mosquitos, com cheiro de rio e roupa emprestada. Tomei um banho quente e dormi como uma pedra.


Moral da história? Nem toda aventura espiritual precisa de um templo. Às vezes, basta uma cachoeira, um galho no olho e uma carona num caminhão mexicano pra te lembrar o milagre de estar vivo.


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